Início Bancada Líder assina manifesto para descriminalizar uso de drogas

Líder assina manifesto para descriminalizar uso de drogas

O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), assinou o manifesto a favor da descriminalização das drogas entregue na terça-feira (16) pelo ex-ministro da Justiça José Gregori ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.

Também assinam o documento outros quatro ex-ministros da Justiça dos governos Lula e Fernando Henrique Cardoso. O texto será incluído no processo em que o Supremo vai decidir a esse respeito. Gilmar Mendes não comentou  o conteúdo do manifesto, mas assegurou que examinará as ponderações dos ex-ministros com a devida atenção.

Eles argumentam que as experiências do poder público no enfrentamento ao submundo das drogas em Portugal, Espanha, Colômbia, Argentina, Itália e Alemanha “demonstram que a descriminalização do uso de entorpecentes foi um importante passo para racionalizar uma política de combate ao narcotráfico”.

Os ex-ministros da Justiça observaram, no entanto, que o Brasil é um Estado constitucional fundado na dignidade humana e na pluralidade política e cada cidadão tem liberdade para construir o seu próprio modo de vida, desde que respeite o mesmo espaço dos demais.

“Não é legítima a criminalização de comportamentos praticados dentro da esfera de intimidade do indivíduo, que não prejudique terceiros”, diz o texto assinado por Aloysio Nunes Ferreira, Márcio Thomaz Bastos, José Carlos Dias, Miguel Reale Júnior, Tarso Genro e Gregori.

Lei Antidrogas

Quando era deputado federal, Aloysio Nunes defendeu, no Plenário da Câmara, a descriminalização durante discussão do projeto de Lei número 7.134/2002 que dispõe sobre o Sistema Nacional Antidrogas. Em discurso proferido em fevereiro de 2004, o senador afirmou que o mero consumo de drogas não deve estar submetido ao tratamento do Direito Penal.

“Não sou a favor, muito pelo contrário, do consumo de drogas ou daquilo que venha a afetar a consciência dos homens, levando-os à dependência e reduzindo sua capacidade de trabalhar e de sentir afeto. Mas criminalizar essa conduta não é a melhor maneira de desestimular o consumo de drogas”.

A seu ver, não se pode dar tratamento penal a um crime que não tem vítima, ou pior: a vítima é, a rigor, o próprio usuário.

“Assim como não se pune a automutilação ou a tentativa de suicídio, não se pode dar tratamento criminoso, ainda que com pena atenuada, à pessoa que consome drogas ocasionalmente, sem causar prejuízo a ninguém, na intimidade do seu lar. Que bem jurídico se quer tutelar inserindo essa pessoa num círculo infernal? Não vejo vantagem alguma nisso”, acrescentou.

Da Liderança do PSDB no Senado

Artigo anteriorTucanos questionam ministro de Ciência e Tecnologia sobre ações da pasta
Próximo artigoTravessia Santos-Guarujá ganha nova lancha e ferry boat