O acordo firmado entre os governos do Brasil e de Cuba para a conclusão das obras do porto de Mariel, ainda durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010, trouxe diversos riscos aos cofres públicos brasileiros. É o que revela reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo neste domingo (5). Como destaca a reportagem, o empréstimo de US$ 230 milhões do BNDES para o empreendimento no país centro-americano foi autorizado por Lula após um encontro com Raúl Castro, apesar de recomendações de técnicos brasileiros que apontaram diferentes problemas relacionados ao milionário investimento.
Entre as falhas apontadas estavam as garantias apresentadas pelo governo cubano para o pagamento do empréstimo e a própria viabilidade do porto diante do embargo norte-americano contra a ilha, ainda vigente à época. De acordo com a Folha, o porto de Mariel utilizou US$ 682 milhões em financiamentos do BNDES, parte considerável do US$ 1,34 bilhão gastos pelo Brasil durante as gestões de Lula e Dilma Rousseff.
Para efeito de comparação, antes das gestões petistas, no governo de Fernando Henrique Cardoso, os financiamentos do Brasil para Cuba eram de apenas US$ 90 milhões e tinham como finalidade a compra de comida no país caribenho.
A construção do porto de Mariel foi um empreendimento da Odebrecht e acabou se tornando alvo da Operação Lava Jato. Segundo a Folha, o ex-presidente Lula negou, por meio da assessoria de imprensa do Instituto Lula, ter recebido dinheiro para defender os interesses da empreiteira em Cuba. Ainda de acordo com a reportagem, o petista não esclareceu os motivos que o levaram a ignorar as recomendações dos técnicos em relação ao porto de Mariel e também não respondeu se sua amizade com os irmãos Raúl e Fidel Castro teve influência na decisão de autorizar o empréstimo.
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