Recomenda-se a quem for convidado para dirigir a Petrobras que se inteire antes sobre a visão que a presidente da República tem sobre a empresa e sobre a política que desenvolve para o setor de petróleo no país. Não precisa ir muito longe, porque há menos de dez dias ela a expôs em detalhes na Granja do Torto.
Se Dilma Rousseff acredita mesmo no que disse na reunião ministerial da semana passada, a nova diretoria da Petrobras terá poucas chances de êxito. Nada vai mudar, porque a petista crê que está fazendo tudo certo. O conjunto da obra é uma lástima.
Segundo a presidente, a empresa que ontem viu sua diretoria pedir demissão “vinha passando por um rigoroso processo de aprimoramento de gestão”. Esta mesma empresa vale hoje um terço do que valia cinco meses atrás e produz o mesmo tanto que previa produzir há nove anos, segundo o primeiro plano de negócios feito pelos petistas no poder.
Na Granja do Torto, disse Dilma que a estatal tem “a mais eficiente estrutura de governança e controle que uma empresa estatal, ou privada já teve no Brasil”. Esta mesma companhia reconheceu na semana passada ter se metido em maus negócios, corrupções e equívocos que podem ter lhe custado R$ 88,6 bilhões ou um terço do seu patrimônio.
A petista manifestou, ainda, profissão de fé no marco regulatório adotado no país desde 2010: “Temos de apostar num modelo de partilha para o pré-sal, temos de dar continuidade à vitoriosa política de conteúdo local”.
Esta ruinosa política está levando a Petrobras a rever seu padrão de exploração de petróleo “ao mínimo necessário” e a cortar seus investimentos em 30%, conforme o plano de ação expresso por Graça Foster há apenas uma semana – agora demitida por falar a verdade.
Foi responsável, ainda, por duas quedas seguidas na produção da companhia (em 2012 e 2013) e por repetidos resultados financeiros negativos, ao mesmo tempo em que a estatal se transformava na empresa mais endividada do mundo. O setor de petróleo como um todo está parado no Brasil.
A Petrobras é um dos equívocos, o maior deles, do governo do PT na área de energia. Justamente o feudo de Dilma. Justamente aquele setor em que tudo, absolutamente tudo, está dando errado. Onde a presidente pôs a mão deu choque.
Nem Dilma, nem o PT sabem como sair desta enrascada e, assim, vemos repetir-se na Petrobras o padrão de solução petista: quando a situação aperta, recorre-se a gente de fora do partido, incapaz de resolver os problemas que cria. Foi assim com Joaquim Levy, agora responsável até por dar jeito no balanço da estatal; deverá ser assim com a nova diretoria.
Depois de hesitar por meses, Dilma tem agora poucas horas para achar uma saída. Difícil. O PT e sua política equivocada para o setor do petróleo transformaram a Petrobras numa empresa sem credibilidade, sem crédito, sem sequer um balanço para chamar de seu e agora até sem comando. Um monstrengo sem pé nem cabeça, à beira da bancarrota.