Início Na imprensa ‘O Conselho de Ética dará uma resposta’, diz Maria Lúcia Amary

‘O Conselho de Ética dará uma resposta’, diz Maria Lúcia Amary

Para deputada, presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Alesp, falas sobre mulheres ucranianas chocam também pela discriminação social
Luiz Vassallo e Gustavo Côrtes – O Estado de S. Paulo
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As mulheres, independentemente da classe social, têm a dignidade delas’, diz Maria Lúcia Amary Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Maria Lúcia Amary (PSDB), disse ter ficado chocada e constrangida com os comentários do deputado Arthur do Val (sem partido) – de que as mulheres ucranianas “são fáceis porque são pobres”. Ela defendeu a celeridade no processo contra o colega para evitar o desgaste da imagem da Casa, que enfrentou, no ano passado, o caso do deputado Fernando Cury (sem partido), suspenso por seis meses por assediar a colega Isa Penna (PSOL). Maria Lúcia prevê que a conclusão do processo contra Arthur do Val ocorra nos próximos 60 dias.

 
O que sentiu quando ouviu os áudios de Arthur do Val? 
Tive um impacto muito forte, como mulher e deputada, porque tinha acabado de ver imagens da guerra da Ucrânia e estava sob a emoção de ver a luta daquelas mulheres pela vida. Me chocou não só pelo sofrimento delas, mas a discriminação social, no momento em que ele fala que elas são pobres. As mulheres, independentemente da classe social, têm a dignidade delas. Eu me senti solidária àquelas mulheres. Fiquei bastante constrangida.
 
Quais as possíveis consequências para o deputado Arthur do Val? 
As pessoas estão confundindo. Acham que vamos julgar a cassação, mas vai depender do parecer do relator. No caso do Fernando Cury, nós demos uma penalidade. Eu optei pela pena maior, de seis meses, mas fui voto vencido. O conselho decidiu uma suspensão de três meses. Quando foi para o plenário, voltou a penalidade maior. Não se sabe o desfecho que terá. Eu vou nomear o relator na próxima semana e ele vai dizer. Nessa situação, com a sociedade pedindo uma resposta, todos nós da Alesp ficamos numa situação constrangedora.
 
Qual é o trâmite do processo a partir de agora?
Amanhã (hoje) faremos uma reunião só para votar o apensamento de todas as 16 representações em um processo único. Depois, o conselho terá nova audiência para fazer o pedido de admissibilidade. Em sendo admitido, tem cinco sessões para apresentar a defesa prévia. Em seguida, define-se o relator, que tem até 15 dias para apresentar o parecer.
 
A sra. consegue fazer um juízo prévio?
Tenho que ser imparcial. Agora, percebemos uma pressão muito forte da sociedade, clamando por resposta. Eu acho que temos que dar essa resposta. O conselho vai dar essa resposta.
 
A sra. ainda sente a discriminação por ser mulher na política?
Eu consegui avançar as etapas, mas a gente vê isso (machismo) com muita clareza. Por exemplo, no mandato passado, tivemos a primeira mulher a ser vice-presidente da Assembleia em 150 anos. Os partidos políticos indicam as mulheres para ser terceira e quarta-secretária. Nós quebramos essa lógica. Eu aproveitei todo esse momento para gerar uma continuidade, mas, nessa eleição, não vai ter nenhuma mulher. A gente avança e recua. Claro, temos que lutar muito. Não podemos parar.
Veja as etapas do processo contra Arthur do Val:
  • As nove representações individuais e três coletivas, somando 40 assinaturas, serão apensadas para que a tramitação ocorra de forma unificada;
  • O deputado estadual terá cinco sessões legislativas para apresentar sua defesa prévia;
  • Uma vez apresentada a defesa prévia, será marcada uma reunião para que o Conselho de Ética avalie a admissibilidade do processo; se admitido, Amary deve nomear um relator para o caso;
  • O relator apresenta seu parecer com uma das quatro penalidades possíveis: advertência, censura verbal ou escrita, suspensão do mandato ou cassação;
  • Os dez deputados do Conselho de Ética votam o parecer; em caso de empate, a presidente dá o voto de desempate;
  • Se for aprovada a perda temporária ou a cassação, o parecer vai a plenário para ser votado pelos demais deputados; para aprovar as punições mais graves, é necessário que se forme maioria simples, ou seja, 48 parlamentares.
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