Qualquer inflação até 6,5% deixará o ministro da Fazenda, Guido Mantega, com a consciência leve e a certeza do dever cumprido, a julgar pela entrevista publicada ontem pelo jornal Brasil Econômico. Não importa saber se o resultado poderia ter sido melhor – e poderia, sem dúvida – nos últimos anos, se as autoridades fossem menos lenientes com a alta geral de preços. O governo, disse ele, jamais deixará a inflação ultrapassar a meta, como jamais deixou nos últimos seis anos. Isso é mais que contestável. A partir de 2007, só em dois anos a alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou perto do objetivo, de 4,5%. Em todos os demais, ficou acima de 5,8%, muito longe, portanto, do alvo oficial. A declaração do ministro seria quase aceitável se aqueles 4,5% fossem apenas o centro da meta, expressão usada com frequência, mas de modo impróprio. O Banco Central (BC), no entanto, estabelece uma clara distinção entre meta e margem. A confusão entre os dois conceitos é só mais um disfarce para a má política.
Um desvio considerável, mas dentro da margem, é desculpável em certas situações. O caso brasileiro é diferente. Outros países – da Ásia e da América do Sul – também foram afetados pela alta das cotações de alimentos e de outras commodities, mas conseguiram desempenho muito melhor que o do Brasil, com inflação menor e crescimento muito maior. Leia AQUI