Deputados federais do PSDB colocaram na conta do PT, do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff a fatura ainda incalculável dos graves danos registrados no caixa e no prestígio da Petrobras. Desde quarta-feira (28/01), quando foi divulgado o balanço não auditado do terceiro trimestre de 2014 e do qual o governo excluiu as perdas contábeis da corrupção, novas ondas de descrédito e desconfiança estremecem a estatal, conforme estamparam as manchetes dos principais jornais do país.
Em seu perfil no Facebook, o primeiro vice-líder do PSDB na Câmara, Vanderlei Macris (SP), defendeu uma nova CPI da Petrobras. “Ainda há perguntas sem respostas. Ainda há muito a ser revelado”, disse. Na mesma rede social, o deputado Jutahy Júnior (BA) afirmou que o “governo Dilma e PT destroem confiança na Petrobras”. A coleta de assinaturas para um novo pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito começará no início da próxima legislatura, destacou o deputado Carlos Sampaio (SP) nesta semana.
Segundo o deputado federal Raimundo Matos (CE), a tragédia que abala a petrolífera é o exemplo emblemático do mal que a gestão petista faz ao país. “O fato é que caiu a máscara. Contra fatos não há argumentos. E fica a presidente Dilma querendo tapar o sol com a peneira”, destacou. “Tem que ter transparência, sinceridade e honestidade com os compromissos e com as palavras. Algo que não vem acontecendo no governo do PT”, completou.
Cofre vazio
A sequência de desvios promovidos no caixa da companhia comprometeram, inclusive, projetos estruturantes. Entre eles, as construções das refinarias Premium 1 e 2, no Maranhão e no Ceará, que não sairão do papel, avisou ontem a Petrobras. Ainda assim, elas causaram um prejuízo contábil de R$ 2,707 bilhões à empresa.
Principais jornais desta quinta-feira estampam as perdas bilionárias da Petrobras.
O anúncio acaba com o uso eleitoreiro que o PT e partidos aliados fizeram dos empreendimentos. Em 2010, o então presidente Lula aproveitou a inauguração da pedra fundamental da refinaria Premium I, no Maranhão, para expor publicamente a futura candidata petista à Presidência, a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. No mesmo ano, com Dilma já eleita, Lula lançou a pedra fundamental da unidade que seria erguida no Ceará. “Eles passaram vários anos manipulando o povo, principalmente os nordestinos, prometendo a transposição do rio São Francisco, a ferrovia Transnordestina e as refinarias. É a população que paga pelo descaso do governo federal”, criticou Matos.
Para viabilizar a obra no estado, o governo cearense desembolsou cerca de R$ 600 milhões. Com o recurso, houve a modernização do Porto do Pecém, na região metropolitana de Fortaleza, foi construída uma rodovia e comprado um terreno de dois mil hectares. Estava previsto também o reassentamento de uma comunidade indígena.
O cancelamento da Premium 2 não é o único exemplo de descaso da Petrobras e do governo federal com o Ceará, salientou Matos. O tucano lembrou que, em 2006, a petrolífera rompeu contrato de fornecimento de gás para a Ceará Steel, usina siderúrgica do estado.