Folha de S.Paulo –
O presidente do PT, Rui Falcão, conclamou a militância do partido a “ficar atenta” e associou o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), a uma suposta manobra para desmoralizar a sigla e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em vídeo divulgado ontem na internet, o dirigente diz que o relato de Mendes sobre a conversa em que Lula teria pedido apoio para adiar o julgamento dos réus do mensalão “já foi desmentido”.
O ex-presidente afirmou que a versão do magistrado é “inverídica” e negou intenção de interferir no tribunal.
Na gravação, Falcão diz: “A militância do PT precisa estar atenta às manobras que transcorrem nesse momento tentando comprometer o presidente Lula com um encontro com o ministro do Supremo Gilmar Mendes, numa conversa já desmentida pelo Nelson Jobim, também ex-ministro do Supremo.”
“A quem interessa envolver o presidente Lula nesse tipo de conversa cujo conteúdo já foi desmentido pelo presidente, com muita indignação, e também pelo ex-ministro Nelson Jobim?”, afirma.
Na mensagem, dirigida a ativistas das redes sociais, Falcão orientou a militância a sair em defesa de Lula.
“Vamos ficar atentos, vamos desbaratar mais uma manobra daqueles que querem desmoralizar o PT e o presidente Lula, com nítidos objetivos eleitoreiros.”
O dirigente associou a divulgação do diálogo à possibilidade de o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), ser convocado pela CPI.
O presidente do PT em São Paulo, Edinho Silva, também defendeu a versão de Lula, mas pediu que os colegas de partido evitem rebater as declarações de Mendes.
“Essa agenda não interessa ao PT. Só interessa à oposição e a quem quer partidarizar o julgamento da crise de 2005″, afirmou, referindo-se ao mensalão.
‘DÚVIDAS’
O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), afirmou ter “dúvidas” sobre Mendes e disse não acreditar em seu relato sobre a conversa com Lula.
“Eu não acredito que o presidente Lula tenha expressado ou tratado o assunto como foi relatado pelo ministro. Eu tenho dúvidas sobre o comportamento do ministro, que só veio tratar disso um mês após a reunião”, disse.
A Folha ouviu advogados de sete dos principais réus do mensalão. Cinco deles disseram que o acirramento dos ânimos só traz prejuízos aos clientes. Eles manifestaram desconfiança sobre a versão de Mendes para o diálogo.