Antes de entrar na campanha presidencial de 2010, a então ministra Dilma Rousseff, candidata ungida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi submetida a um intenso processo de media training com o marqueteiro João Santana para melhorar sua oratória. Considerada um quadro técnico, ela tinha pouca desenvoltura em palanques e diante dos microfones, o que preocupava os estrategistas petistas. Após três anos no Palácio do Planalto, a presidente surpreendeu aqueles que apostavam em um mandato eminentemente técnico e fechado no gabinete.
Entre o primeiro discurso, feito no Congresso Nacional no dia da posse, em 1° de janeiro de 2003, e o último, na inauguração da BR-448, em Porto Alegre, no último dia 20, Dilma somou 599 intervenções, segundo dados obtidos no site da Presidência da República. A média de quase dois discursos por dia está longe da alcançada por Lula, que somou 968 falas nos primeiros três anos do seu primeiro mandato, mas ainda assim é um número considerável, já que a Presidência foi a primeira disputa eleitoral de Dilma.
“Ela tem feito falas belíssimas, emotivas e com muita capacidade de explicação”, celebra o deputado Edinho Silva (PT), um dos prováveis coordenadores da campanha pela reeleição da presidente. “A oratória dela melhorou muito ao longo do mandato. Dilma é hoje uma exímia oradora.” Apesar dos elogios, a oratória presidencial deixou um rastro de gafes e declarações indecifráveis que tornaram-se hits na internet e memes nas redes sociais. Entre os mais populares está um pronunciamento feito no último dia da criança, em Porto Alegre.
“O dia da criança é da mãe, do pai, dos professores… mas também é o dia dos animais. Sempre que você olha uma criança, há sempre uma figura oculta, que é um cachorro atrás. O que é muito importante”, disse Dilma, para espanto da plateia.