Fonte: Folha de São Paulo
Presidente da CPI usou R$ 41 mil do Senado para pagar jornalistas por publicações favoráveis em veículos da Paraíba
‘Divulgo o parlamentar durante o programa, ganho para isso’, diz radialista; Vital do Rêgo nega irregularidades
Presidente da CPI do Cachoeira e corregedor do Senado, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) usa dinheiro público para a compra de reportagens a seu favor em veículos de seu Estado.
Três jornalistas, de rádios e sites da internet, disseram à Folhaque recebem dinheiro da verba indenizatória do senador para publicar reportagens que seu gabinete encaminha ou produz. Os ouvintes e leitores não são informados de que o material é pago pelo senador.
Conforme a Folha revelou na terça, um outro jornalista presta o mesmo serviço para o senador e recebe por meio de sua filha, uma funcionária-fantasma do gabinete de Rêgo que se diz coautora do hit “Ai Se Eu te Pego”.
Desde que assumiu o mandato em 2011, Rêgo já repassou R$ 41 mil para os outros três jornalistas. O congressista tem uma cota mensal de R$ 15 mil para gastos com o exercício do mandato. Ele nega irregularidade na ação.
“O pagamento só é feito quando a empresa, além da nota fiscal, manda o comprovante das matérias. Mensalmente a assessoria [de Rêgo] pede o envio das notas”, afirmou o jornalista Heron Cid, do “Blog Mais PB”.
Paulo Roberto Florêncio diz que recebe para divulgar as informações. “Sou jornalista, tenho um programa de rádio e faço a divulgação do parlamentar durante o programa. Ganho para isso.”
Sílvio Romero, radialista, disse que recebe o dinheiro para divulgar material “emitido” pela assessoria de Rêgo.
As operações são legais, embora a o código de ética da ANJ (Associação Nacional dos Jornais) proíba a prática.
Vital do Rêgo afirmou que “não usa a verba indenizatória para a publicação de matérias favoráveis” a ele e aconselhou a Folha a investigar o que os demais senadores fazem com o dinheiro. As empresas, segundo ele, são contratadas para “promover a divulgação” do seu mandato.
Em 2003, a Folha revelou que o então governador do Paraná Jayme Lerner comprou R$ 6,4 milhões em supostas reportagens publicadas na imprensa do Paraná.