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Um milhão de lares ainda vivem sem energia elétrica

Enquanto o governo federal propagandeia com alarde a redução tarifária de 20% na conta de luz, cerca de um milhão de lares brasileiros ainda vivem sem energia elétrica, segundo um levantamento inédito feito pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) junto com distribuidoras de todo o país. O número é bem maior do que as estimativas oficiais, que em setembro deste ano eram de apenas 378 mil residências sem luz. As informações são do jornal O Globo.

Os índices atuais depõem contra as metas estabelecidas pelo programa “Luz Para Todos”, que pretendia universalizar o acesso à energia, ou seja, oferecer o serviço a mais de 95% dos domicílios em território nacional, até 2014. Algumas distribuidoras defendem que o prazo seja estendido até 2027, por conta do elevado custo para a realização de novas instalações elétricas em regiões rurais distantes ou de difícil acesso. Para o deputado federal Antonio Imbassahy (PSDB-BA), as constantes promessas descumpridas do governo federal têm um impacto negativo no modo como o povo vê o próprio país. “O governo busca justificativas que não correspondem e que não têm mais o crédito da população”, salienta.

Racionamento

A atual precariedade do sistema elétrico brasileiro, com apagões frequentes em todas as regiões do país, também eleva o risco de um novo racionamento de energia, ainda que as usinas termoelétricas estejam em pleno funcionamento. Segundo reportagem publicada na revista Veja desta semana (23/12), o nível de água do reservatório de Furnas, hidrelétrica que é uma das principais fontes de energia da região Sudeste, é o mais baixo desde 2001, com apenas 12% da capacidade. Os reservatórios da região Centro-Oeste também operam com 30% de sua capacidade, índice mais baixo da última década.

Imbassahy atribui os problemas do setor elétrico a má gestão do governo federal. “A falta de planejamento e o atraso dos planos de expansão das operadoras, as falhas operacionais, a falta de fiscalização efetiva por parte da Aneel. Tudo isso gerou essa situação que estamos vivendo, com seguidos apagões que atingem os estados por longos períodos de tempo”, analisa. O tucano ressalta ainda que “a falta do suprimento de energia de forma regular e segura repercute não apenas nos resultados imediatos, como também gera um clima de insegurança entre os investidores”.

O deputado federal Walter Feldman (PSDB-SP), integrante da comissão de Minas e Energia da Câmara, avalia que existe um problema grave no sistema energético brasileiro. “A estrutura é fraca, não se consegue dar uma intervenção adequada em momentos emergenciais, e a cada momento em que falta energia assistimos a um desenrolar de desculpas. Parece que o governo não tem a clareza da importância do tema”, aponta.

O parlamentar também atribui a série de quedas de energia à posição arbitrária do governo quanto a aprovação da MP 579, que trata sobre as concessões de geração e transmissão elétrica. “Ao invés de se preocupar em melhorar o sistema, o governo quis fazer propaganda eleitoral”, considera. “Vivemos uma situação de quase apagão, que está sendo produzido pela posição açodada do governo em forçar a redução das tarifas por caminhos inadequados”, completa.

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