Mesmo para uma prefeitura de pequena cidade pobre do interior, pedir doações a particulares – de cadeiras a ventiladores – já seria no mínimo surpreendente e incorreto. Onde já se viu uma coisa dessa? Pois não é que isso acaba de acontecer em São Paulo, a maior e mais rica cidade do País? O que dizer então, nesse caso? Que o mundo ficou de pernas para o ar? Que jamais se poderia esperar tamanho disparate? Que os que governam a cidade perderam ao mesmo tempo o respeito à população e o senso do ridículo? Tudo isso e mais alguma coisa pode ser dito, tanto a respeito do pedido inusitado como das explicações que os governantes se sentiram obrigados a dar e que fazem pouco da inteligência dos paulistanos.
Da estranha solicitação, que saiu no Diário Oficial do Município de 29 de março, constam 96 itens e 11 mil produtos destinados a suprir necessidades do setor de transportes e trânsito, em especial da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a primeira a ser eventualmente beneficiada com a generosidade da população. Alguns dos produtos da lista de pedidos bastam para dar uma ideia do estado de penúria em que a Prefeitura acha que se encontra esse setor: 45 telefones, 85 impressoras, 32 lixeiras, 9 micro-ondas, 69 notebooks, 17 TVs e 139 ventiladores. A Secretaria Municipal de Transportes e a CET precisam também de 3.179 cadeiras. Todos esses produtos e equipamentos não precisam ser novos. Podem ser seminovos, desde que em boas condições. Leia AQUI