Já muito ruim, o cenário da economia brasileira ficou mais feio nas novas projeções divulgadas ontem pelo Banco Central (BC). A inflação estimada para o ano subiu de 7,9% para 9%, o dobro da meta oficial. A contração econômica prevista para 2015 passou de 0,5% para 1,1%. O País está vivendo uma ressaca, havia dito na véspera o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Mas a ressaca passa e esse é o lado positivo, havia acrescentado. Podia ter dito algo mais: até lá, o Brasil ainda vai passar mal por um longo tempo e a recuperação será lenta e penosa. As novas estimativas estão no Relatório de Inflação, um panorama nacional e internacional publicado a cada três meses pelo BC. Os cálculos oficiais apontam alta de preços de 4,8% até o fim do próximo ano e de 4,5% nos 12 meses até o segundo trimestre de 2017, com o câmbio a R$ 3,10 por dólar e 13,75% de juros básicos, a taxa fixada na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Mas o documento reafirma a promessa de levar a inflação à meta de 4,5% até o fim de 2015.
Pode-se apostar, portanto, em novo aumento dos juros, se o BC realmente insistir nesse compromisso. Além disso, a autoridade monetária continua, segundo o relatório, confiando no sucesso da política fiscal anunciada para este ano. O ajuste das contas públicas, de acordo com o Ministério da Fazenda, deverá produzir em 2015 um superávit primário de R$ 66,3 bilhões para o pagamento de juros da dívida governamental. O êxito desse esforço será importante para o combate à inflação, de acordo com o BC. E se o governo reduzir a meta fiscal, como têm sugerido alguns analistas? É precipitação falar agora de uma nova meta, disse na terça-feira o ministro Levy. Mas a hipótese é razoável, porque os problemas de arrecadação e de controle dos gastos federais são notórios. Leia AQUI